31 de maio de 2009

A cegueira

A cegueira nos nossos animais pode ser tanto progressiva como súbita. Indepedentemente da sua causa, a perda de visão não significa sofrimento para o animal. A sua capacidade de adaptação é extraordinariamente elevada, podendo manter uma qualidade de vida bastante elevada.




Cão cego

Quando a cegueira é progressiva, como acontece no processo de cataratas, o animal vai-se adaptando à sua nova condição, recorrendo-se dos seus outros sentidos, nomeadamente o olfacto. O dono muitas vezes nem se apercebe que o seu cão ou gato cegou. Apercebe-se apenas que a sua companhia vê pior em ambientes menos familiares.

Já no caso da perda súbita de visão, como acontece nos descolamentos de retina, a adaptação do animal torna-se bem mais complicada e o dono tem perfeita noção de que o animal não está a ver, pois o seu comportamento muda repentinamente.

Infelizmente, grande parte dos casos de cegueira nos nossos animais são irreversíveis. Nestes casos, o dono desempenha um papel fundamental para a adaptação do seu animal. Pequenos gestos podem ser de grande importância para ajudá-los a enfrentar a cegueira de forma mais confiante e natural:

  • Não redecore a sua casa: o animal conhece bem "os cantos à casa"; se resolver redecorá-la nesta fase da sua vida, ele vai perder a sua capacidade de orientação.
  • Remova todo o tipo de objectos potencialmente perigosos (pontiagudos ou afiados) que possam estar ao seu alcance.
  • Se tinha o hábito de passeá-lo na rua pode continuar a fazê-lo desde que opte pelos locais habituais; nunca em situação alguma deverá deixá-lo passear sozinho na rua.
  • Evite o acesso a escadas e piscinas colocando barreiras protectoras.
  • Se tiver outro animal em casa opte por colocar neste um pequeno sino na sua coleira: este gesto dará uma maior confiança ao seu animal cego que mais facilmente o localizará.

Lembre-se que o mais importante em todos estes gestos é a sua paciência com ele para vos ajudar na adaptação.
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24 de maio de 2009

Acne felino

O acne felino é um problema dermatológico bastante frequente nos nossos gatos. Pode afectar gatos de qualquer idade, de qualquer raça, machos ou fêmeas. Localiza-se, essencialmente, a nível do queixo e dos lábios do gato.



Localização típica do acne felino ligeiro

No acne, os folículos das glândulas sebáceas, presentes naturalmente no queixo do animal, ficam obstruídos, dando origem aos vulgarmente denominados "pontos negros". Estes pontos negros incham, infectam e dão origem a pústulas.

A causa do acne felino é desconhecida. Contudo, existem vários factores que podem desencadear o processo:

  • stress;
  • grooming insuficiente;
  • hiperplasia das glândulas sebáceas;
  • alergias alimentares;
  • uso frequente de recipientes de plástico para a alimentação: o plástico, por ser poroso, é uma fonte de bactérias, que rapidamente se transferem para o queixo do animal. Acredita-se também que há gatos que fazem alergia ao próprio plástico.

Os sintomas do acne felino são a presença de pontos negros no queixo e lábios do animal, dando a aparência de sujidade. Nos casos mais graves, em que já há uma infecção bacteriana secundária, o animal pode apresentar a pele inflamada e com focos de pús.

O tratamento para o acne depende, obviamente, da sua gravidade, mas o objectivo principal é remover o excesso de sebo presente na pele do animal. Nos casos ligeiros opta-se por tratamentos tópicos:

  • soluções de lavagem à base de clor-hexidina;
  • retinóides e vitamina A;
  • pomadas com antibióticos e corticosteróides.

Nos casos graves, além do tratamento tópico referido acima, optamos também por tosquiar a zona afectada para permitir uma melhor limpeza da pele e administramos antibióticos e corticosteróides por via oral.

Se o seu gato tem tendência para acne, lembre-se sempre de evitar os recipientes de plástico, lave os comedouros e bebedouros diariamente e lave-lhe o queixo após as refeições com uma solução antisséptica.
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16 de maio de 2009

Intoxicação por chocolate em cães

Para a maior parte de nós, o chocolate é um verdadeiro pecado que proporciona as delícias de todos e cujo único defeito é poder colocar uns quilitos a mais na nossa balança. Para os cães, o chocolate é igualmente delicioso mas potencialmente letal. O cacau, principal matéria-prima do chocolate, contém um estimulante natural denominado teobromina. Nos cães, a teobromina é especialmente tóxica afectando o sistema nervoso central (SNC), o aparelho gastro-intestinal e o sistema cardiovascular.



Nunca dê chocolate ao seu cão

Durante as épocas festivas temos frequentemente chocolate em casa, daí a intoxicação nos cães ser mais frequente nestas alturas do ano. Se o cão consumir teobromina em quantidade significativa, poderá começar a exibir os sinais de intoxicação. A dose tóxica de teobromina para os cães e cerca de 100-200 mg/kg. Se pensarmos que uma tablete de chocolate de meio-amargo com cerca de 200g contém cerca de 1000mg de teobromina, podemos dizer que, num cão com cerca de 10 kg, ingerir uma tablete inteira é potencialmente letal. Abaixo estão indicadas as concentrações de teobromina para os diferentes tipos de chocolate:

  • chocolate de leite: 154 mg teobromina/100g
  • chocolate meio-amargo: 528 mg teobromina/100g
  • chocolate amargo: 1365 mg teobromina/100g

Assim sendo, quanto maior o teor de cacau do chocolate, maior a sua toxicidade para o cão. Os cães de raças pequenas bem como os cachorros, correm maior risco de desenvolverem toxicidade devido ao seu baixo peso corporal.

Após a ingestão, o cão poderá exibir os seguintes sintomas:

  • excitação;
  • irritabilidade;
  • taquicárdia (aumento do ritmo cardíaco);
  • poliúria (aumento da micção);
  • tremores musculares;
  • vómitos;
  • diarreia;
  • crises convulsivas.

Todos estes sintomas podem progredir para insuficiência cardíaca, coma e mesmo morte, 12 a 36 horas após a ingestão do tóxico.

Se suspeita que o seu cão ingeriu chocolate, leve-o de imediato ao seu médico veterinário assistente. Quanto a tratamento, não existe um verdadeiro antídoto para este tipo de tóxico, que permanece no organismo do animal cerca de 18h e a terapia deve adequar-se ao tipo de sintomas exibidos pelo animal. Se a ingestão for recente é fundamental induzir o vómito e administrar carvão activado para ajudar a neutralizar o tóxico. O animal deve de imediato ser colocado a soro. Se o animal tiver convulsões, devem administrar-se anticonvulsivos por forma a pará-las o mais rapidamente possível. A monitorização cardíaca é fundamental nesta intoxicação.

O prognóstico depende da gravidade da sintomatologia. Se nas 24 a 48 horas seguintes, o animal não apresentar sinais de insuficiência cardíaca nem sinais neurológicos o prognóstico é bastante favorável.

Lembre-se de guardar os chocolates em local seguro, principalmente nos dias festivos em que a atenção prestada ao seu cão pode ser menor.
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9 de maio de 2009

Como prevenir acidentes

Os acidentes com os nossos animais de estimação podem acontecer em qualquer altura. Mas, se evitarmos determinados comportamentos de risco, podemos minimizar grande parte desses acidentes.





Animais acidentados

Entre os acidentes mais comuns temos:

  1. Quedas: são relativamente frequentes nos gatos, principalmente durante as estações do ano mais quentes. As janelas abertas podem ser um factor de risco acrescido para as quedas. Os gatos não têm noção dos riscos e se estiverem à janela e virem algo que lhes desperte a atenção, não hesitam em saltar, estejam eles num 1º andar ou num 5º andar. Mesmo caindo uma vez, os gatos não "aprendem" e voltam a repetir a proeza, se tiverem oportunidade para isso.
  2. Atropelamentos: idas à rua de cães e gatos sozinhos ou sem trela são um factor que aumentam o risco de atropelamento. Mesmo quando acompanhados, se o seu cão ou gato não levar trela pode assustar-se com algo e fugir para a estrada.
  3. Afogamentos: se tem piscina em casa, use uma barreira protectora para evitar a ida do cão ou do gato para a piscina. Por vezes, mesmo com a presença duma escada na piscina o animal pode atrapalhar-se e não conseguir sair, principalmente se for um animal jovem.
  4. Ingestão de corpos estranhos: muito mais que os gatos, os cães são especialmente predispostos a comer coisas que não devem. Embora a ingestão de corpos estranhos seja mais frequente em cachorros, há animais adultos e geriátricos que também o fazem. Se for esse o caso, evite ter por casa objectos soltos e de fácil acesso para eles e quando for passeá-los esteja atento para não ingerir nada estranho ou opte por usar um açaime se for impossível evitar que eles "aspirem" as ruas.
  5. Envenenamentos: produtos de limpeza doméstica, insecticidas, produtos de jardinagem e medicamentos devem todos eles estar devidamente armazenados e fora do alcance do seu animal de estimação.
  6. Golpe de calor: chegado o tempo quente, certifique-se que proporciona sempre água fresca bem como sombras ao seu animal se este estiver ao ar livre. Nunca o deixe dentro do carro ao sol, mesmo que deixe uma janela ligeiramente aberta.
  7. Hipotermia: aplica-se nos animais recém- nascidos e que não conseguem regular a sua temperatura corporal. Tenha sempre o local aquecido com uma temperatura ambiente constante. Se necessário, compre uma botija de água quente para os manter sempre quentes.

Não se esqueça de ter sempre no seu telemóvel o contacto de um serviço veterinário de urgências; assim, numa situação urgente, não precisará de perder tempo à procura do veterinário de serviço.
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3 de maio de 2009

Intoxicação por paracetamol em gatos

O paracetamol (também conhecido por acetaminofeno) é um medicamento analgésico e anti-pirético muito usado em medicina humana. Fármacos como Ben-U-Ron, Panadol, Tylenol ou Panasorbe são bem conhecidos da nossa farmácia doméstica e todos eles têm como composto principal o paracetamol. Apesar do seu uso rotineiro em medicina humana, o paracetamol nunca deverá ser administrado a gatos.

Os gatos podem facilmente ser intoxicados por paracetamol pois o seu metabolismo de transformação do paracetamol no organismo é, de certo modo, ineficiente. Muito resumidamente podemos dizer que, nos humanos bem como noutros animais, o paracetamol é transformado no fígado por determinadas proteínas. Nos gatos a actividade dessas proteínas é muito baixa, logo há uma acumulação de produtos intermediários da transformação que são bastante tóxicos para o organismo do gato. Estes tóxicos vão danificar o fígado e os glóbulos vermelhos do gato podendo causar a sua morte.
Não deve auto-medicar o seu gato sem consultar o seu veterinário assistente

Para termos noção da toxicidade deste fármaco para um gato, podemos dizer que 250 mg de paracetamol é suficiente para lhe provocar a morte.

Normalmente os donos, não sabendo da toxicidade do paracetamol, vêem o seu gato mais parado ou adoentado e acham que o paracetamol vai, de alguma forma, fazer com que o animal recupere. Passadas algumas horas da administração, o animal começa a exibir os sinais da intoxicação:

  • vómitos e náusea;
  • prostração;
  • cianose (coloração azulada das mucosas);
  • dificuldade respiratória intensa;
  • edema (inchaço) da face e das patas;
  • abaixamento da temperatura corporal;
  • nos casos mais graves conduz à morte do animal.

O tratamento deve ser imediato e consiste na administração de fluidos, por forma a acelarar a eliminação dos compostos tóxicos que se encontram em circulação no organismo do gato e do antídoto do paracetamol (acetilcisteína). Se a dificuldade respiratória for acentuada, o animal deverá receber oxigénio. Mesmo com um tratamento imediato, o prognóstico do gato é sempre muito reservado, pois a destruição do fígado e dos glóbulos vermelhos pode ser de tal forma intensa que impossibilite a sobrevivência do animal.

Quanto à administração de paracetamol a cães, o efeito não é tão dramático mas também não é aconselhável pois pode provocar lesões hepáticas graves.

Nunca administre nenhum fármaco ao seu animal de estimação sem consultar previamente o seu médico veterinário assistente.
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