28 de março de 2009

Hiperplasia prostática benigna no cão

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é a afecção prostática mais frequente no cão. Consiste no aumento do tamanho da próstata, como resultado de um estímulo hormonal constante através de androgénios (denominação de hormonas masculinas, das quais faz parte a testosterona).





Hiperplasia prostática benigna no cão

Aparece em cerca de 80% dos machos não-castrados, a partir dos 6 anos de idade. Nem sempre a HPB exibe sintomas, contudo podemos ter:

  • tenesmo: dificuldade a defecar;
  • hematúria persistente ou intermitente: sangue na urina;
  • disúria: dificuldade em urinar;
  • corrimento hemorrágico do pénis: habitualmente os donos notam pequenas gotas de sangue no chão, após o animal ter estado deitado.

O diagnóstico da HPB pode ser confirmado através de:

  • toque rectal: próstata aumentada (prostatomegália), simétrica e sem dor ao toque;
  • radiografia: quando existe HPB, a próstata torna-se visível radiograficamente devido ao aumento do seu tamanho;
  • ecografia: permite observar toda a próstata, identificando estruturas anormais, bem como efectuar medições, que permitem um seguimento da evolução da afecção.

O melhor tratamento para a HPB consiste na esterilização do macho; passadas poucas semanas da cirurgia já é evidente a involução prostática.

Quando a resolução cirúrgica não é possível (normalmente por opção do próprio dono), pode recurrer-se ao uso de fármacos. Actualmente, existem no mercado fármacos que bloqueiam a acção das hormonas sexuais masculinas na próstata. A próstata, não estando sob a acção dos androgénios, acaba por involuir, e o macho pode continuar reprodutor, se for esse o caso. Aconselhe-se com o seu médico veterinário sobre a melhor opção a tomar.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

21 de março de 2009

Doença do tracto urinário inferior dos felinos (FLUTD)

A doença do tracto urinário inferior dos felinos, também designada por FLUTD (feline lower urinary tract disease), engloba afecções que podem afectar a bexiga e a uretra dos gatos.

Independentemente da etiologia, os sinais presentes na FLUTD são:

  • disúria: dor ou dificuldade em urinar, podendo existir ou não obstrução urinária;
  • hematúria: presença de sangue na urina;
  • polaquiúria: urinam com muita frequência e em pequenas quantidades;
  • lamber constante da zona genital;
  • micção em locais anormais.


Disúria - dificuldade em urinar

Apesar da FLUTD poder ser observada em qualquer gato, é mais frequente ocorrer em machos de meia-idade, sedentários e com excesso de peso.

Quanto às causas mais frequentes para a ocorrência de FLUTD temos:

  • obstruções urinárias;
  • urolitíase (cálculos urinários);
  • cistites idiopáticas (infecções urinárias de causa desconhecida).

As obstruções urinárias consistem na obstrução parcial ou total da uretra do gato, através de cálculos ou através de rolhões uretrais, que se formam devido à descamação celular existente habitualmente na uretra. As fêmeas raramente obstruem pois a sua uretra é mais curta e mais larga que a dos machos.



Obstrução urinária

Trata-se sempre de uma urgência veterinária, que requer a desobstrução imediata do animal através da sua algaliação. Se o animal não for algaliado de imediato poderá mesmo correr risco de vida, pois os produtos tóxicos eliminados, habitualmente, na urina começam a acumular-se no organismo, intoxicando o animal. Se notar que o seu gato não urina, ou que urina tão pouco que praticamente não molha o areão do caixote, não espere pelo dia seguinte para o levar ao veterinário assistente - essa espera pode significar a sua morte!

Habitualmente estes animais necessitam de internamento durante algum tempo, dependendo da gravidade da situação. É essencial controlar as possíveis infecções urinárias que possam surgir através de antibióticos, bem como promover uma boa analgesia (alívio da dor) ao animal. Um animal com dor retrai-se e evita urinar. Nos casos recorrentes, pondera-se um tratamento cirúrgico - uretrostomia.

A urolitíase é outra das causas da FLUTD. Normalmente, os cálculos são identificados através de radiografia ou de ecografia. Habitualmente, estes gatos necessitam de fazer dietas especiais para dissolver os cálculos urinários. Se, mesmo assim, os cálculos não desaparecerem ou se estiverem presentes em grandes quantidades, torna-se necessária a sua remoção cirúrgica - cistotomia.

Por último, as cistites idiopáticas são diagnosticadas por exclusão de todas as outras possíveis causas de FLUTD. Acredita-se que haja uma componente de stress por detrás destas infecções urinárias. Os gatos são animais especialmente sensíveis a modificações na sua rotina diária. Alterações de comida, alterações de horários, introdução de um outro animal, mudança de areão, número insuficiente de caixotes (aconselha-se pelo menos um caixote por animal, nunca menos) são tudo pequenas mudanças que a nós nos pode parecer insignificante, mas que pode ser uma fonte de grande stress para o seu animal. Os gatos com cistites idiopáticas têm os sinais habituais de FLUTD e, normalmente, requerem um tratamento com analgesia. Nos casos mais recorrentes, pode-se mesmo optar pelo uso de fármacos que diminuam os níveis de stress do gato.

Nos casos recorrentes, aconselhe-se com o seu médico veterinário sobre quais as melhores medidas a tomar.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

15 de março de 2009

Febre da carraça

Chegado o mês de Março, é frequente começarem a aparecer as carraças no meio ambiente, representando um perigo, quer para nós humanos, quer para os nossos animais de estimação.





A carraça alimenta-se do sangue do hospedeiro

A febre da carraça é o termo usado para designar as várias doenças que a carraça pode transmitir. Este ectoparasita tem a capacidade de alojar diferentes tipos de agentes e, assim, transmitir uma ou mais doenças quando se aloja no seu hospedeiro. Entre esses agentes temos bactérias, ricketsias (um agente que, em termos evolutivos, se situa entre as bactérias e os vírus), e protozoários, entre outros.

No dia-a-dia da prática clínica, os dois tipos de febre de carraça mais frequentes são a Erlichiose e a Babesiose.

A Erlichiose é causada por uma ricketsia do género Erlichia spp. Pode ter três fases:

  • fase aguda: desenvolve-se entre 1 a 3 semanas após a inoculação do agente no animal de estimação. Caracteriza-se por anemia, febre, apatia, perda de apetite, dor articular, hematomas sem causa aparente, aumento dos gânglios linfáticos e do baço.
  • fase subclínica: pode durar meses ou mesmo anos. O animal pode apresentar-se normal ou com uma anemia ligeira.
  • fase crónica: com maior ou menor gravidade, esta fase caracteriza-se por perda de peso, anemia, sintomas neurológicos, hemorragias, a febre pode ou não estar presente e edema (acumulação de líquido) nos membros posteriores.

Nem sempre estas três fases são perceptíveis no animal. E, por vezes, os sintomas podem ser bem mais graves, uma vez que, uma carraça pode transmitir mais do que um agente infeccioso. Não existe vacina para a Erlichiose.

 A Babesiose, também designada por Piroplasmose, é causada pelo protozoário do género Babesia spp. Esta doença caracteriza-se por:

  • anemia;
  • febre;
  • vómitos e/ou diarreia;
  • icterícia;
  • fraqueza muscular;
  • nos casos crónicos podemos ter febres recorrentes, perda de apetite e edema generalizado.

O tratamento da febre da carraça consiste no uso de antibióticos, nomeadamente a doxiciclina, por um período de tempo bastante longo - várias semanas, podendo mesmo chegar aos 2 meses. Se os sintomas forem mais graves, o animal poderá precisar de internamento, com fluidoterapia e, eventualmente, transfusão de sangue. Nos casos de babesiose, conjuga-se também um fármaco denominado dipropionato de imidocarbe, que elimina o parasita e é administrado na forma injectável.





Nem sempre há febre na Febre da Carraça

A febre da carraça é uma doença grave que pode conduzir à morte do animal. A prevenção das carraças é a melhor maneira de evitar esta doença (veja como prevenir no artigo já publicado sobre carraças). Apesar da febre da carraça também atingir os humanos, o animal de estimação não nos transmite a doença - somente a carraça infectada é capaz da transmitir se nos picar.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

8 de março de 2009

Lagarta do pinheiro

A lagarta do pinheiro, também conhecida por processionária, é uma praga florestal que pode ser encontrada por todo o país em diversos tipos de pinheiros. Esta lagarta, de nome científico Thaumetophoea pityocampa, além de destruir os pinheiros, tem um grande efeito prejudicial, tanto em pessoas como em animais, que com ela contactam.



Lagarta do pinheiro

O seu ciclo de vida é bastante longo, durando praticamente todo o ano. Contudo, é entre Janeiro e Maio que as lagartas são verdadeiramente nocivas para nós e para os nossos animais. Durante este período, as lagartas começam a descer pelos troncos do pinheiro em fila, como se de uma procissão se tratasse, em direcção ao solo, onde vão completar o seu desenvolvimento. Aí transformam-se em borboleta. Entre Agosto e Setembro, nascem as lagartas que se alojam nos seus ninhos, nas copas dos pinheiros, por forma a manterem o calor e resistirem até descerem novamente em Janeiro.



Ciclo de vida

As lagartas do pinheiro têm uma cor acastanhada que se confunde com a cor do tronco do pinheiro, e estão envolvidas por centenas de pêlos. São estes pêlos urticantes e tóxicos os causadores de lesões graves, tanto em humanos como nos animais.

Os cães são normalmente mais afectados que os gatos. Ao cheirarem, tocarem ou morderem a lagarta, os animais podem apresentar lesões mais ou menos graves:

  • salivação intensa;
  • prurido acentuado no focinho;
  • língua inchada (edema) e com uma tonalidade mais ou menos escura;
  • irritação a nível dos olhos;
  • dor intensa na boca;
  • nos casos mais graves pode ocorrer necrose (morte) dos tecidos, nomeadamente língua e lábios. Se essa necrose for muito extensa, a vida do animal pode ficar em risco.

É imprescindível que o animal seja observado de imediato pelo seu médico veterinário - é uma urgência veterinária sempre! Evite ao máximo tocar no focinho do seu cão ou gato, pois poderá igualmente ficar com uma reacção alérgica nas suas mãos.

Caso detecte lagartas perto da zona onde vive, avise de imediato os serviços municipais da sua zona. Se tiver pinheiros em sua casa, informe-se junto da sua Camâra Municipal sobre a melhor forma de prevenção.
  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
 
Copyright © caninos&grandes